Goiana revela que tem hábito de
criar a partir de relatos pessoais, mas se baseia principalmente nos
sentimentos e nas suas vivências. Exposição assinada por ela segue aberta até
31 de janeiro na capital paulista
Para Eloisa Lobo, a inspiração está
intrinsecamente ligada à vivência. Assim, o seu processo criativo é baseado no
sentir, mas um sentir preciso, meticuloso, certeiro. Para a concepção da mostra
Ela & Ela, aberta à visitação, no Espaço Latão Arte, em São Paulo, a artista explica que tem sido uma jornada introspectiva
e irracional no mundo dos espetáculos circenses. Ela conta que mantém o hábito
de criar ouvindo músicas circenses, espetáculos que ecoam expressões, emoções,
experiência que ela coleciona há tempos. O processo de concepção das obras que
integram a exposição em São Paulo não foi diferente e o resultado final foi uma
explosão de dança e movimentos. E, assim, a sensibilidade artística de Eloisa
Lobo dá vazão as obras que dão vida a um retrato lúdico do circo.
“Desde sempre conto fábulas em minhas obras,
retratando cenas e seus bastidores. Vivo nos estudos diários dos espetáculos
percorrendo intermitente movimentos, expressões e a simplicidade de traços.
Assim, consegui evoluir e retratar o verdadeiro espetáculo que é a vida”,
arremata a artista. Na exposição na
capital paulista, na Alameda Gabriel Monteiro, Eloisa lança em primeira mão
esculturas de chão de um metro e setenta centímetros, esculturas de parede de
sessenta centímetros, no material latão dourado, e pingentes banhados a ouro,
de quatro a seis centímetros, uma novidade que estará disponível para o mercado
nacional em fevereiro de 2022. A elas se aliam aos traços marcantes das
telas, que são pintadas com tintas frescas e cores foscas, que remontam a poesia
nua e crua da vida, que recebe as pinceladas de emoção das mãos da artista.
“O mais incrível de um
espetáculo são os intervalos, a vida, a realidade, o que acontece de real
naquele momento. Combinações de atrocidades com o belo, transcrição de espetáculo
com críticas. Em um passe de mágica, aquilo que é tão duro se torna
encantador”, e da mesma forma as obras são apresentadas de dentro para fora,
incitando o encantamento do público ou dos seus hóspedes cativos, como os
chama. “Quem observa de frente o meu espetáculo se junta a ele, e parte para um
mundo de magia, fascínio e arrepios”, comenta sobre a atmosfera sensorial que
envolve a exposição.
Vida de inspirações
“A forma como enxergo a vida está intimamente
ligada ao que procuro transmitir através dos meus traços. Olho para uma parede
branca e imagino o quanto posso contar naqueles metros quadrados”, afirma.
Eloisa assegura que seu processo criativo muitas vezes parte da procura das
pessoas por obras que expressam algo, que trazem uma experiência diferente. Ela
procura ouvir relatos pessoais sobre a vida daquela pessoa, do que ela busca na
sua arte, narrativas, pedidos inconscientes e que são cheios de emoção. É uma
forma de permitir que se sinta representado dentro da sua individualidade por
meio do olhar da artista, dos seus traços, da leitura que ela fará a partir
daquele contato. Ainda assim ela diz que não pode ter tanto contato com o
cliente para não perder a fantasia, certa distância que mantém a magia daquele
encontro com a criadora.
Quando é procurada com a encomenda de uma obra,
por exemplo, Eloisa revela que o seu processo segue alguns rituais.
Inicialmente ela busca ouvir, entender e sentir o máximo possível, como diz,
para transbordar os traços em seguida. A artista desenha à mão, digitaliza para
apresentar ao cliente e após a aprovação ela leva para a tela e desenvolve a
obra final com tintas, bastões e pinceis. Como trabalha com séries, cada uma
tem uma paleta de tons distintos e em sua maioria fosca, por gosto pessoal da
artista, sendo que ela própria também produz as cores de suas tintas.
Com a exposição em São Paulo, em particular,
ela afirma que tem como missão dar continuidade à sua trajetória. “O destaque está nos saltos das
bailarinas desenhados. Os traços são tremidos, as mãos e os pés são
longilíneos, remetem a garras, ao alcançar de um objetivo, lugar, motivo
implícito. É uma alusão aos movimentos da vida, ao efeito da passagem do tempo
sobre a realidade. O processo para chegar a esses traços foi longo, levou uma
vida, um caminho de lapidação do qual eu vivo trabalhando e muito me orgulho”,
conjectura.
Serviço: Exposição ELA e
ELA por Eloisa Lobo
Onde: Espaço Latão Arte -
Alameda Gabriel Monteiro da Silva, N° 1424 - Jardim América, São Paulo / SP
Quando: até 31/01
Horário de funcionamento:
Segunda a sexta-feira, das
10h às 18h
Sábado, das 10h às 14h
Entrada franca
Sobre Eloisa Lobo:
Natural de Goiânia, Eloisa Lobo é formada em
Artes Visuais (FAVGO), com especialização em Pintura, pós-graduada em Marketing
e Comunicação pela USP Cambury. Foi professora e orientadora na Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Faculdade Uni-Anhanguera, Faculdade
Cambury e Faculdade Fasam, nas matérias direção de arte, produção gráfica,
planejamento e projetos de TCC 1 e TCC 2. Atuou na área de comunicação como
diretora de arte, atendimento e planejamento durante 25 anos, além de sócia
proprietária das agências Ponto P Propaganda e Gp3 Comunicação, à frente de
inúmeras campanhas de publicidade pelo Brasil. Hoje, dedica-se exclusivamente
às artes plásticas como pintora e multiplicadora dos conhecimentos adquiridos.
Estuda incansavelmente os múltiplos espetáculos da vida como o circo, as danças
e expressões corporais. Mora em Goiânia Goiás onde, em seu ateliê, vive pela e
para a arte.