Segundo o
Ministério da Saúde, é o tumor ocular mais comum em crianças, representando
cerca de 3% dos cânceres infantis
Recentemente, o apresentador Tiago Leifert e sua esposa,
Daiana Garbin, compartilharam com os seguidores na internet, sobre o drama que
estão vivendo com a filha deles, de apenas um ano de idade. Após notar uma luz
branca nos olhos da criança, os pais decidiram procurar especialistas, e logo
veio o diagnóstico: a pequena Lua está com retinoblastoma, um câncer raro que
atinge os olhos. De acordo com o Ministério da Saúde, é o tumor ocular mais
comum em crianças, representando cerca de 3% dos cânceres infantis, chegando a
uma média de 400 casos por ano.
O casal decidiu compartilhar o caso, para alertar a
população sobre a importância do diagnóstico precoce. Apesar de ser raro, é
importante que os pais estejam atentos aos sinais, já que a maioria dos casos
se manifesta quando a criança é muito pequena e não consegue expressar algum
desconforto nos olhos, por exemplo.
De acordo com o oftalmologista do Sistema Hapvida, Eduardo
Nery, o retinoblastoma inicial não apresenta sintomas, já que eles aparecem
quando o tumor avança. Um dos principais sintomas é o chamado “olho de gato”,
que acontece quando a pupila pode apresentar uma área branca e opaca no contato
com o reflexo da luz, que pode ser facilmente identificado quando as fotos são
tiradas com flash. “É muito importante que os pais tirem algumas fotos da
criança no escuro, com flash. O normal é que os olhos fiquem vermelhos, se tiver
qualquer alteração e a criança apresentar essa mancha branca, é um sinal que a
criança precisa ser avaliada por um especialista”, explica.
Além disso, o retinoblastoma também apresenta outros
sintomas como vermelhidão constante nos olhos, pode ocasionar dores e também
estrabismo. “Os olhos da criança se desenvolvem até os cinco anos de idade,
então é preciso ficar atento aos sinais. Mas claro, nem todo estrabismo será um
sinal de câncer, mas é aconselhado passar por uma avaliação médica”.
A orientação é que os pais façam o teste do olhinho na
criança e, se possível, outra consulta com oftalmologista antes da criança
completar um ano de idade. “Quanto mais cedo esse tumor for diagnosticado,
maiores as chances de cura e menos invasivo será o tratamento”, explica o
oftalmologista.
Os principais tipos de tratamento são cirurgia,
radioterapia, terapia a laser (fotocoagulação ou termoterapia), crioterapia e
quimioterapia intra-arterial. “Importante ressaltar que o tipo de tratamento
vai depender do tamanho e localização do câncer, porém quanto mais cedo
realizar o diagnóstico, maiores as chances de cura, que podem chegar a 95%”,
esclarece o médico.
Aconselhamento genético
A repercussão do caso da filha de Tiago e Daiana fez com que
as pessoas procurassem entender do que se trata o retinoblastoma. Apesar de ser
um tumor é raro, se trata de uma doença grave. Mas com o teste do olhinho nos
primeiros meses e anos de vida, aumenta a possibilidade de diagnóstico precoce.
“A criança tem mais chance de cura e de preservação da visão
quando o diagnóstico é feito no início, mas no caso do retinoblastoma, os
sinais são difíceis de serem percebidos justamente pela faixa etária em que ele
ocorre por isso o exame é tão importante”, comenta Danielle Laperche, médica
oncologista do Hemolabor. Acontece uma mutação no gene RB1, que pode ocorrer
durante o desenvolvimento da retina ou a pessoa pode já nascer com a mutação
quando é hereditária, completa ela.
“Quando é hereditário, a mutação está presente todas as células
do corpo, por isso é importante fazer a diferenciação de um retinoblastoma
hereditário de um que ocorre durante o desenvolvimento pois isso muda o
acompanhamento futuro de cada caso” comenta a médica. Quando hereditário, há
chances da doença ocorrer nos dois olhos além do surgimento de outros tumores
ao longo da vida, como câncer de pulmão, bexiga, mama, sarcomas, tumores da
glândula pineal, osteossarcoma e melanoma.
Por meio do aconselhamento genético e por testes genéticos é
possível fazer essa diferenciação de origem do tumor maligno. “É uma avaliação
do paciente que considera a história pessoal, as características da doença
apresentada e o histórico familiar, assim avaliamos os padrões de herança
genética”, explica a especialista. Associado à avaliação, podem ser indicados
a realização de testes genéticos para a identificação de mutações que
podem estar por trás de algumas doenças e assim orientar o manejo e medidas
preventivas de tumores associados.