O governador Ronaldo Caiado sancionou a Lei nº 21.278, de 5 de abril de 2022, publicada no Diário Oficial, que reconhece o doce de marmelo, de Santa Luzia, como patrimônio cultural e imaterial goiano. A conquista é comemorada pelo povo de Goiás em especial pelos luzianinses.
Produtora Márcia Melo, produz uma das mais tradicionais marmeladas do Goiás e diz ter aprendido a receita com seu bisavô. (foto Diomício Gomes - O Popular) |
A produção do doce é importante para o fortalecimento da cultura goiana, além de ser um produto responsável pela geração de renda para muitas famílias, que tiram dela parte do seu sustento.
A produção da marmelada de Santa Luzia é artesanal. O doce é feito em tachos de cobre e embalado em caixas de madeira, também produzidas de forma artesanal pelos próprios produtores. Segundo eles, a embalagem é o segredo para aumentar a durabilidade do produto.
A receita da marmelada e as plantações da matéria-prima passaram de geração em geração.
Segundo os produtores, no século 18 várias vilas foram criadas no interior de Goiás para a mineração de ouro, entre elas o Arraial de Santa Luzia, atual Luziânia. Como confirmam as histórias transmitidas por antepassados da geração atual, com o declínio da atividade, o proprietário da fazenda Mesquita, situada na região, abandonou o local. E nas terras deixadas para escravas alforriadas, nasceu o Povoado de Mesquita, situado a 50 km da Capital Federal. O povoado abriga atualmente mais de 700 famílias na área rural.
Ali, essas mulheres formaram e criaram famílias, perpetuaram a cultura negra e passaram adiante suas tradições. As principais atividades desenvolvidas na região são a agricultura, a criação de gado e a produção de marmelada.
Antônio de Pádua Melo, Frei Romulo, Dona Jocelha, Aldenio Lisboa - Parte da Equipe de Construção do Santuário idealizadora da Festa do Marmelo |
No Povoado de Mesquita, localizado no município de Cidade Ocidental (GO), área que já pertenceu ao município de Luziânia, também é produzida a famosa marmelada de Santa Luzia, há mais de um século.
O doce, além de tradição, representa uma das principais fontes de renda para a região. Há mais de 20 anos, durante o mês de janeiro é celebrada a Festa do Marmelo, criada por Antônio de Pádua Melo, Sr. Lite, inicialmente para promover a cultura e arrecadar fundos para a construção do Santuário de Nossa Senhora D'abadia. Hoje, a festa atrai milhares de pessoas para o Povoado e movimenta a economia da Cidade Ocidental como um todo.
A iguaria também foi reconhecida pela Arca do Gosto, um catálogo mundial de produtos ameaçados de extinção. |
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