Para a odontóloga Márcia Luz,
cenário esconde, entretanto, negligência com o autocuidado feminino em virtude
de rotinas extenuantes de trabalho e cuidado com a família
A proporção de mulheres que
busca cuidar da saúde é maior quando comparada à quantidade de homens que
adotam cuidados preventivos com o próprio corpo. Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) revelam que 82,3% das mulheres
vão ao médico anualmente, contra 69,4% da população masculina. Da perspectiva
da saúde bucal, o panorama é o mesmo. Uma pesquisa do Carisbrook Dental de Manchester, no Reino Unido,
que procurou detectar hábitos de higiene bucal entre gêneros, identificou que a
maior frequência de troca de escovas dentais feita pelas mulheres é indício de
maior cuidado e preocupação com os dentes por parte delas. Por ocasião do Dia
da Mulher, celebrado no dia 8 de março, profissionais da saúde refletem sobre
os fatores que motivam este cenário.
Para a odontóloga Márcia Luz, a
mulher – diferente dos homens, que procuram o dentista em situações muito
precárias, nas quais o tratamento já fica mais caro e mais extenso, culminando,
muitas vezes, na perda dental – possui um lugar fundamental na manutenção da
saúde de seu círculo familiar. “Quando eu falo de família, não é
necessariamente de família tradicional – esposo e filhos –, mas também
englobando o cuidado com os pais e outras pessoas pelas quais a mulher se sente
responsável. Então, é ela quem cuida e quem leva, normalmente, a família para
se cuidar. E é ela quem entra em contato, para agendar tanto com a
odontopediatria, quanto com a nossa odontologia completa integral”, relata.
Por outro lado, Márcia destaca
que apesar dos dados revelarem essa preocupação feminina com o cuidado com a
saúde, essa tendência pode esconder muitas situações que ela conta vivenciar em
sua prática profissional: a negligência do autocuidado, em razão da priorização
dos outros componentes familiares. Além disso, ela avalia que muitas mulheres
acumulam funções, não sobrando a elas tempo para que consigam se cuidar,
principalmente quando têm filhos e estes estão em uma fase na qual ainda
dependem muito do vínculo materno. “Mas o mais importante é encarar isso como
um período transitório e se colocar como prioridade, na medida do possível, ao
não negligenciar a higiene oral, investindo em boas escovas e pastas e em um
tempo adequado para a escovação, o que já faz com que se possa manter a saúde
bucal em dia”, propõe.
Sobrecarga da mulher é
naturalizada
A psicóloga do Hemolabor,
Thalita Agati, explica que, como é intrínseco à cultura brasileira, a formação
da mulher está envolta no ato de gerar cuidado e ser multitarefas. “Estudos
mostram que a nossa cultura é o principal motivo para que a maioria das mulheres
deixe de cuidar da própria saúde para priorizar o cuidado com a casa, filhos e
marido. Há uma cobrança social que colabora para o surgimento de cobranças
internas: precisamos desempenhar todos os nossos papéis em sociedade com
maestria e sem nos cansar. Seja como filha, mãe, esposa, profissional ou do
lar, a grande questão não está em gerar cuidado, mas sim em gerar cuidado a
todos e a tudo que deseja, desde que seu autocuidado não seja negligenciado”,
avalia.
No mês em que é comemorado o Dia
da Mulher, Thalita reflete que para mudar essa situação de sobrecarga feminina,
que gera negligência no autocuidado com a saúde de uma forma geral, é preciso
lutar por uma mudança de cultura tanto nas próprias mulheres, quanto da
sociedade. “Para a mudança da nossa cultura precisamos constantemente trazer à
tona temáticas que promovam conscientização e mobilização social sobre as
graves questões de gênero que persistem em todo o mundo. Fazer o dia 8 de
março, Dia Internacional da Mulher, ser todos os dias do ano pode ser uma
maneira de estimular e incentivar outras mulheres”, finaliza.
Sobre a odontóloga Márcia Luz
Márcia Luz Marques está à frente
da Clínica Luz Odontologia Integrada, um centro de especialidades odontológicas
e de saúde bucal, que propõe um apoio integral do paciente para promover o seu
bem-estar completo, com atendimento odontológico integrado a outras áreas
saúde, entre elas o acompanhamento médico, nutricional e psicológico.
Sobre
a psicóloga Thalita Agati
Psicóloga especialista em
Cuidados Paliativos pela PUC e Psicologia Hospitalar pelo Hospital Israelita
Albert Einstein. Atua no Hemolabor, grupo referência no diagnóstico e
tratamento de câncer no estado de Goiás e na região Centro-Oeste. Atualmente o
grupo conta com três unidades: o Hospital Hemolabor, o Banco de Sangue e o
Laboratório, contando com mais de 500 colaboradores diretos. Para garantir
ainda mais qualidade e segurança em todo o tratamento, o Grupo Hemolabor foi
recertificado com Acreditação de Excelência – Nível 3, da Organização Nacional
de Acreditação (ONA). Tornando-se o único de centro de oncologia, hematologia e
banco de sangue com essa qualificação na região Centro-Oeste.